Proeta - o dom de profetizar a negligência do óbvio
O rio? É doce.
A Vale? Amarga.
Aí, antes fosse
Mais leve a carga.
II
Entre estatais
E multinacionais,
Quantos ais!
III
A dívida interna.
A dívida externa
A dívida eterna.IV
Quantas toneladas exportamos
De ferro?
Quantas lágrimas disfarçamos
Sem berro?
(Poema de Carlos Drumond, 1984)
O poeta é um constante observador do seu presente e, por isso, o eterno profeta de todo futuro.
Aquele que olhando observa, para além do que se vê, percebe que o que vê não é nada mais que a consequência em repetição dos dias de ontem e que o amanhã, mais uma vez, será só o reflexo do que fazemos hoje.
Cada observação sobre o presente carrega uma prévia das coisas que virão, e o que se segue é apenas a confirmação de tudo aquilo que estava explícito mas “ninguém” viu por ser tão absurdo o óbvio que vira sutileza.
...
Meus sentimentos aos familiares dos desaparecidos. Ver isso acontecer de novo é muito triste.
26.01.19
—
Em memória das pessoas mortas e perdidas de Brumadinho e os seus familiares.
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