Monólogo da peça ‘Em Transe’ – por Gabriel Rocha.
Éh..., só mais uma dança, em mais uma festa, de mais uma noite, com mais algumas pessoas. Como vocês ai, não é mesmo?
E eu, essa identidade misteriosa que sou pra vocês.
O estranho calado que ganhou um dia de voz!
Pelo menos hoje. Só hoje...
Expressando em altas palavras uma amostra do que penso, por vezes, em secreto.
Apesar de todas essas luzes e filtros, fotos e danças, eu posso ver a agonia que os pensamentos desorientados vêm causando a eles.
Eu percebo o trágico da realidade individual de cada um deles e como tentam esconder seus medos e suas dores enquanto esboçam mais um sorriso idiota em público... ao público, como personagens que são.
Mas será só eles?
Eu percebo o trágico da realidade individual de cada um deles e como tentam esconder seus medos e suas dores enquanto esboçam mais um sorriso idiota em público... ao público, como personagens que são.
Mas será só eles?
“Por trás do brilho da foto tirada; um filme de tristeza.
Em cada lágrima que disfarçam, pelo artifício da beleza.”
Mas eu também não os culpo. Não mesmo. Não quando eles sentem e experimentam a mesma dor que um dia eu senti, ferido pelo amor que tinha a um mundo que simplesmente não existe.
Mas que sintam, e sintam sem cessar.
A diferença entre eles e eu? É que eu aceitei. Aceitei a visão fria e cinza desse mundo logo cedo. E agora, já não é mais um mal pra mim. Só é o que é, assim como eu...
Mal seria tentar me iludir criando esperanças que jamais serão correspondidas – essa dor sim seria insuportável!
Mas que sintam, e sintam sem cessar.
A diferença entre eles e eu? É que eu aceitei. Aceitei a visão fria e cinza desse mundo logo cedo. E agora, já não é mais um mal pra mim. Só é o que é, assim como eu...
Mal seria tentar me iludir criando esperanças que jamais serão correspondidas – essa dor sim seria insuportável!
Mas por favor, não pensem que estou aqui cuspindo dramas em vão ou criando um espetáculo enquanto me vitimizo neste palco...
Ao contrário: eu dou é gargalhada desse show de sarcasmo montado pelo universo.
Sim! É assim! Não há beleza em nada disso, não há honradez, não há algo que possa justificar nossos orgulhos vazios e estupidos ou qualquer ato que seja digno de algum mérito..., não há!
Ao contrário: eu dou é gargalhada desse show de sarcasmo montado pelo universo.
Sim! É assim! Não há beleza em nada disso, não há honradez, não há algo que possa justificar nossos orgulhos vazios e estupidos ou qualquer ato que seja digno de algum mérito..., não há!
Em verdade mesmo... não há nada nesse mundo que analisado radicalmente não passe de vaidade. Vago!
Tão-somente vago.
Nada.
Tão-somente vago.
Nada.
O nada que cultiva mais nada
Se semeia na plantação errada.
Nesse lugar não se tira e nem coloca
Quando enfim se põe,
[duas vezes ainda pior retorna
Vejam se isso tem algum cabimento,
Grãos se juntam e se espalham ao vento.
Água de suas mãos estão bebendo
Porém, estando turvas,
[continuarão sedentos
É rápido, não é?
O jeito com que eu falo
O jeito com que eu narro
O modo que eu penso
A forma com que eu faço
Talvez seja o excesso de racionalidade e a falta de um abraço.
Mas é assim...
Mas é assim...
Da mesma forma com que somos submetidos a discernir o mundo a volta; é preciso ser rápido.
Mas afinal: para quê?
O mundo de nada só se apresenta como nada se não tivermos algo a oferecer a ele. Se não tivermos algo para definir o que é, ou que pode ser. Se não tiver algo que seja!...
Ou não, né? – Como se essa reles espécie tivesse algo a oferecer, afinal, somos só um grão vagando no imenso mar do universo.
Ou não, né? – Como se essa reles espécie tivesse algo a oferecer, afinal, somos só um grão vagando no imenso mar do universo.
A combinação já me é previsível
Tanto... que se projeta como tangível.
Cabeças fechadas, e uma boca sempre aberta;
Mentes vazias cheias de vaidade, um vácuo de merda!
Vaidade de tudo aquilo que acham que têm.
Vaidade de tudo aquilo que desejam ter.
Vaidade de tudo aquilo que nunca terão.
Vazio e avidez eterna, é o máximo que em si mesmos encontrarão.
Mas que seja!
Vamos dançar...
Vamos dançar...
ES - Vila Velha, Coqueiral de Itaparica.
Texto escrito em 10 de agosto de 2017 por Gabriel Rocha para a apresentação da peça “Em Transe” um dia antes da mesma ser apresentada na programação do Festival do Dia do Aluno, na Escola Agenor Roris.
Gostei muito.
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