Mariposas (Poema)
Ontem à noite tive outro pesadelo,
Pousavam sobre mim – mil e uma mágoas,
Centopeias e caranguejos.
Ao meu lado, a sua ausência
Nos meus pés, um enxame escroto:
Minha pele era carcomida pela suruba dos gafanhotos.
De repente! horror e desespero
Uma mariposa violenta repousa no meu peito
(Bate a bata, treme e morre)
Olhei seus olhos, te vi chorar;
Tomei de meu colo rasgando suas asas
Qual papel seco e velho
Até sobrar só os pedaços e o pólen sob o ar.
Vermes verdes intrusos me atormentam de madrugada,
Comendo a beirada das memórias,
Vomitando remorsos agora!
Vieram do submundo atraídos por um odor cadavérico
De um corpo sufocado há muito
Pelas mãos de um adultério.
Foi corrosão dos meus sonhos,
A deturpação de um sincero.
Mesmo assim, não sei se o deixo agora...
Também não sei se ainda lhe quero.
Sofro só de pensar
Temo não persistir.
Sofro só em lembrar
Que um dia pensei existir
E que podias realmente guardar
Ao menos uma grama do que eu te teci.
Me lembro como foi amar
O inexistente que habita em ti.
Desamparo, desespero.
Veja as nossas vidas, veja as nossas vidas!
Eu sinto os gafanhotos.
Você fez da inocente fisionomia que te entreguei
Um corpo frio, rígido e torto.
Desenhei para sermos um,
Rabiscastes ainda um outro
E agora corre e vai embora,
E eu me sinto traído de novo.
Egoísmo, negligência.
Seu narciso – Vossa Excelência.
Veja as nossas vidas, veja as nossas vidas!
Veja a mariposa.
Posando delicadamente
Com aparência de boa moça
No ventre do que está decomposto
Para depositar seus blefes,
No período de ovulação,
Da necrose de mais um verme.
Veja as nossas vidas, veja as nossas vidas!
Morra, mariposa.
Pousavam sobre mim – mil e uma mágoas,
Centopeias e caranguejos.
Ao meu lado, a sua ausência
Nos meus pés, um enxame escroto:
Minha pele era carcomida pela suruba dos gafanhotos.
De repente! horror e desespero
Uma mariposa violenta repousa no meu peito
(Bate a bata, treme e morre)
Olhei seus olhos, te vi chorar;
Tomei de meu colo rasgando suas asas
Qual papel seco e velho
Até sobrar só os pedaços e o pólen sob o ar.
Vermes verdes intrusos me atormentam de madrugada,
Comendo a beirada das memórias,
Vomitando remorsos agora!
Vieram do submundo atraídos por um odor cadavérico
De um corpo sufocado há muito
Pelas mãos de um adultério.
Foi corrosão dos meus sonhos,
A deturpação de um sincero.
Mesmo assim, não sei se o deixo agora...
Também não sei se ainda lhe quero.
Sofro só de pensar
Temo não persistir.
Sofro só em lembrar
Que um dia pensei existir
E que podias realmente guardar
Ao menos uma grama do que eu te teci.
Me lembro como foi amar
O inexistente que habita em ti.
Desamparo, desespero.
Veja as nossas vidas, veja as nossas vidas!
Eu sinto os gafanhotos.
Você fez da inocente fisionomia que te entreguei
Um corpo frio, rígido e torto.
Desenhei para sermos um,
Rabiscastes ainda um outro
E agora corre e vai embora,
E eu me sinto traído de novo.
Egoísmo, negligência.
Seu narciso – Vossa Excelência.
Veja as nossas vidas, veja as nossas vidas!
Veja a mariposa.
Posando delicadamente
Com aparência de boa moça
No ventre do que está decomposto
Para depositar seus blefes,
No período de ovulação,
Da necrose de mais um verme.
Veja as nossas vidas, veja as nossas vidas!
Morra, mariposa.
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“Mariposas” (ou Mariposas Também Choram) - Poema nº8 | Gabriel Rocha | 29.04.20
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