Jardim do Éden (Poema)

No seu rosto repousa a bolsa
Do latente fruto vermelho
Onde escorre o melado de seus favos,
Doces uvas do vinhedo.

É o beijo que me inspira um clarão
Como ao mesmo tempo consegue ser
O mais intenso alucinógeno,
Meu apaixonante ópio.

Meu desejo é chegar mais perto
E poder sentir seu cheiro,
Não como os vândalos demonstram que lhe prezam,
Mas por amor, com todo o respeito.

É poder cheirar as pétalas,
Cavar bem fundo e tocar a raiz.
Dedilhar suas vértebras
E lhe plantar em um jardim que a fizesse feliz.

Lhe dão espinhos e chamam de flores,
No seu campo de amor, só sobraram as dores.
Teriam sido os cupins e as abelhas
Ou aqueles egocêntricos lenhadores?

Mulheres notáveis e crescidas como árvores das colinas,
Se deem a tais valores!
São mais do que mera beleza feminina, mas preciosidades vivas
E não objetos da loja de penhores.

Conheço mulheres meninas, mulheres amadas,
Mulheres crescidas e ainda tão maltratadas.
Mulheres são lindas, embora banalizadas,
Como um vasto jardim, cujas flores são arrancadas.

_

“Jardim do Éden” - Poema nº1 | Gabriel Rocha | Criação: 10.11.16

(Fotografia de Gabriel Rocha)