A Origem da Filosofia: Uma Introdução à Filosofia e Sua Relação com A Educação

A ORIGEM DA FILOSOFIA

A filosofia não tem um “início” do ponto de vista fenomenológico, isto é, como uma pretensão que busca saber quando, por quem e onde ocorreu a primeira filosofia, visto ser ela a prática de toda atividade reflexiva que adquire forma e origem no homem. Sendo assim, a resposta acerca da origem da filosofia possui muito mais propriedade enquanto ato, levando-nos a creditar sua origem, não a um lugar restrito ou um período específico – mas ao homem, sempre que ele a pratica, e assim, a origina. De fato, a origem da filosofia é o homem em estado de concepção de pensamento profundo, portanto, em estado de atividade filosófica.


Agora, já do ponto de vista histórico, podemos considerar a Grécia Antiga, por volta do séc. VII a.C., onde se encontra registros das primeiras atividades filosóficas como também de toda uma sociedade baseada nesse estilo de vida e que teria ainda muita participação nos espaços dessa mesma sociedade. Assim, enquanto os gregos formavam e amadureciam a sua civilização ao longo dos anos, a filosofia no seu modo de se manifestar e ser representada também. Os primeiros filósofos de que se há registros foram Tales de Mileto e Heráclito de Éfeso, denominados mais tarde de pré-socráticos pois antecederam Sócrates e a grande influencia que seu discurso teve entre os gregos (pensamento socrático).



Os Pré-socráticos


O período pré-socrático, por sua vez, compreende os séc. VII e VI a.C e atuou como um processo de abandono de uma visão mística de mundo por uma visão predominantemente filosófica, se afastando cada vez mais das fábulas que explicavam os fenômenos da natureza através de uma figura divina. Antes dos pré-socráticos, os primeiros filósofos, toda a origem do mundo era aludida aos deuses e seus feitos fantásticos, sendo a obra Teogonia a narrativa que melhor representa esse antigo pensamento sucedido pela cosmologia.


“Até então todas as explicações sobre a origem e a ordem do mundo tinham por base os mitos transmitidos por Homero e Hesíodo, que constituíam as teogonias e as cosmogonias. Agora, em vez de explicar a ordem cósmica pela interferência divina, os filósofos buscavam respostas por si mesmos, por meio da razão.” ¹


A partir dessa nova forma de interpretar o mundo, o imaginário grego primitivo perde seu valor para a compreensão da realidade e a crença de um universo que tem deuses como seu fundamento deixa de ser suficiente, exigindo a necessidade de um outro princípio para explicar os fenômenos da natureza e o surgimento do cosmos. Com isso, as antigas questões que buscavam na cosmogonia um sentido, passam a ser agora puramente cosmológicas – o sufixo lógos denota o predomínio da razão, no caso, para explicação do cosmos. Assim, cada pré-socrático tenderá a formular um princípio para a origem do universo. Os primeiros filósofos foram conhecidos por estabelecer apenas um elemento da natureza como princípio constitutivo de todas as coisas, o que lhes rendeu o nome de monistas. 


Um exemplo notável de monista foi Tales, considerado o primeiro filósofo, pois considerava a água o elemento fundamental, acreditando que ela seria uma espécie de “deus inteligente” já que associou a presença dela com a fertilização, germinação e como fonte da vida, como também da putrefação, o que levou a concluir através da sua observação que “todas as coisas estão cheias de deuses”.


Na contramão dos monistas, temos Heráclito que propunha uma tese mais tolerante com a multiplicidade de elementos, não só variados mas de fato contrários entre si. Crendo que a realidade não poderia ser estática e uniforme, sim mutável e dinâmica, acreditava que devíamos aprender a ver o mundo na sua mudança contínua, que se manifestava em todas as coisas, fossem elas materiais ou imateriais. Assim, “todas as coisas mudam sem cessar” e o que se tem, ou se é, em um presente momento não é o mesmo que se foi ou ainda será num outro momento. “Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio” pois na segunda vez nem o rio nem nós somos os mesmos da primeira vez.


Particularmente gosto muito de uma canção nossa, brasileira, que pega emprestado este pensamento de Heráclito ao cantar:

Nada do que foi será
 De novo do jeito que já foi um dia,
 Tudo passa, tudo sempre passará.
 A vida vem em ondas
 Como um mar
 Num indo e vindo infinito.
 Tudo que se vê não é
 Igual ao que a gente viu há um segundo,
 Tudo muda o tempo todo no mundo.

 (Como Uma Onda, Lulu Santos)         



O Período Clássico, ou Socráticos


É com os pré-socráticos que o ocidente é introduzido ao que viria ser conhecido por filosofia e também é através deles que se herda conceitos e noções que ainda seriam muito exploradas por vários filósofos, como a relação entre aparência e realidade, opinião e verdade, homem e objeto, dentre outros. No final do século VI e início do V inicia-se o que hoje se conhece como o período clássico na filosofia, onde nele temos uma sistematização do pensamento filosófico e a aparição dos sofistas, dos pensamentos de Sócrates através de Platão e Xenofonte, e de Aristoteles. 


Enquanto os filósofos dedicavam-se a atividade intelectual em busca da verdade, os sofistas não tinham nenhum compromisso real com a investigação das coisas e priorizavam o efeito performático que obtinham com seus discursos fazendo muitos alunos ficarem deslumbrados com o que diziam. Ou seja, se zelava não o conteúdo ensinado mas tão somente a forma, o que os fez serem duramente criticados por Sócrates e vistos como “mercenários do saber” por cobrarem pelas suas aulas.


Platão foi discípulo de Sócrates, e este, por não ter deixado nada em escrito, teve seus ensinamentos interpretados por Platão que os expôs em obras que retratavam os diálogos que o mestre teve em vida. Por conta de seu espírito questionador e seu costume indagar os cidadãos sobre basicamente tudo, em especial o estado atual das coisas e assuntos relativos a organização do governo, começou a ser tido como inimigo e possível ameaça aos grandes chefes de seu tempo até der finalmente sentenciado a morte, acusado de corromper a juventude ao blasfemar contra os deuses. 


Sócrates apresentou ótimas formas de abordagem para o diálogo filosófico se baseando em métodos conhecidos como a ironia e a maiêutica.

 

ironia A partir do pressuposto de que “só sabia que nada sabia”, que para ele constitui a sabedoria de todo filósofo, iniciava uma conversação com um interlocutor que, na maioria das vezes, ao contrário dele, mostrava-se inerrante conhecedor de determinado assunto. Com o desenvolver da conversa que se formava a partir de várias questões que se afunilavam cada vez mais em seus tópicos enquanto, dinamicamente, evocavam ainda outros buscando investigar a fundo o assunto em questão, restava, como tendência geral, duas situações para o oponente questionado: a) ou a experiência obtida na conversação e com o confrontamento dos conceitos nutridos até então o levava a reconhecer que, na verdade, não conhecia muito senão mesmo nada a respeito do que inicialmente julgava certo e já conhecer, b) ou o oponente desistia da discussão. Essa reação final é o que se caracteriza como ironia.


maiêutica Com esse termo que no seu idioma significa “parto”, Sócrates alude o fenômeno que ocorria quando conseguia fazer “nascer” a compreensão que emergia de seus interlocutores após analisarem o objeto antes tido como dominado e, através do diálogo, chegarem a um novo entendimento, dando assim origem a uma nova concepção, uma ideia recém nascida. É também assim, com esse termo, que o filósofo homenageia a sua mãe que exercia função de parteira.


Com a morte da Sócrates, Platão traz grandes contribuições à filosofia socrática e torna-se, mais tarde, também mestre. No pensamento platônico a realidade só pode ser concebida de fato através do exercício intelectual (ou idealista), mantendo um determinado grau de suspeição sobre a experiência puramente sensitiva, da realidade concreta e prática, pois segundo Platão essa mesma realidade era ilusória e por isso deveria ser percebida, não de maneira aparente, mas transcendente. Com isso temos configurada a dialética platônica:


Em uma instância o mundo sensível, perceptível ao sensores equivalentes de sua natureza (os sentidos) e que atua como mero refletor (sombra) do verdadeiro mundo; em outra, o mundo inteligível, alcançada exclusivamente por intermédio da dialética percorrendo o caminho das coisas múltiplas e instáveis ate a sua ascendência com as ideias unas e imutáveis. Estando as ideias dispostas em ordem vertical, em grau de hierarquia, no topo onde se encontraria o mais elevado grau de perfeição está o Bem, percebido enquanto ideia.


Para Platão a dimensão física não era por inteiro falsa ou inexistente. De modo que em momento algum ele tenta negar a existência da realidade sensível, mas o que ele enfatiza é que, sim, este mesmo mundo sensível seria enganoso e por isso é dever de todo homem sábio uma análise constante desta dimensão inferior para que assim ele desvendasse não mais o que parece ser (o físico e aparente) mas como realmente é (o mundo das ideais), através da filosofia.


Com o intuito de ilustrar o que viria ser exposto de forma abstrata com as suas ideias, Platão nos apresenta um cenário onde há uma caverna com pessoas acorrentadas desde a infância no seu interior, e que só conseguem enxergar a parede ao fundo, onde são projetadas sombras, que elas, por não conhecerem mais nada além daquilo, acreditam sem mais nem menos ser a realidade. Entretanto, essas sombras são das de marionetes empunhadas por pessoas escondidas atrás de um muro, junto a uma fogueira. “Se um dos indivíduos conseguisse se soltar das correntes para contemplar à luz do dia os verdadeiros objetos, ao regressar à caverna seus antigos companheiros o tomariam por louco e não acreditariam em suas palavras.” ¹


Assim, Platão cria a alegoria da Caverna visando representar através dela as etapas de formação de um filósofo: a saída do mundo da caverna onde vivia tendo as sombras (a aparência) como realidade para alcançar o verdadeiro conhecimento dela sob à luz do dia (razão), esclarecendo tudo o que antes era inacessível. Depois dessa experiência é dever do filósofo voltar a “caverna” e despertar o conhecimento verdadeiro nos demais.




A RELAÇÃO ENTRE A FILOSOFIA E A EDUCAÇÃO


1. A educação em Sócrates


É possível observarmos o viés educador nos pensamentos de Platão o tempo todo. Quer seja pela influência de seu mestre, que foi um dos primeiros educadores do mundo, antes mesmo de haver a formalização que os designasse como tal, quer seja pelo seu próprio gênio inventivo. Todavia, já em Sócrates havia toda uma expressão de educar, quando incitava um interlocutor a um processo crítico de desconstrução de noções vagas, senão infundadas, para uma compreensão mais profunda dos objetos discutidos, ou mais ainda; à descoberta de nenhuma conclusão definitiva para aquele assunto e que não obstante ainda fazia parte da experiência do aprender, mesmo quando esse aprender era obtido pelo encontro com a ausência de respostas que se supunha encontrar, pois também disso se extraia uma lição e utilidade para a própria vida: o de se saber impotente em nossa ciência – e que tal conhecimento (este, do não saber) não é motivo de vergonha para o sábio, sim uma constatação do que ele ainda pode vir a saber e da sua ínfima pequenez diante do vasto que o abriga.


O que foi Sócrates senão o primeiro grande modelo de professor, tomado pela vontade de instigar o saber e de, outra vez, aprender enquanto ensinava?


Recordemos o primeiro de dois casos possíveis exemplificado anteriormente na aplicação do método da ironia. No primeiro caso (a), tem-se a reação do indivíduo que, tal como o sábio, reconhece sua ignorância diante do vasto e não se detém ao assumir aquilo que não sabe e assim, com este ato, busca compreender de fato. Já no segundo (b), temos o orgulhoso que mesmo diante da evidente invalidade de seus conceitos, se recusa a reconhecer aquilo que não é do seu entendimento por considera que isso seria vergonhoso para ele, uma espécie de risco a sua imagem que necessita, ainda que pela via do autoengano, ver-se como irrefutável para se manter válida.


Perceba que é pela falsificação das coisas (ou seja, da própria realidade!) que o pequeno almeja ser grande. É pela invalidez que o fraco busca ser forte, e só por ela  pois se reconhecer o suposto conhecimento que sustenta como inválido, crê que reconhece também com isso a sua fraqueza, quando o que está sendo posto em questão é apenas a validade do seu argumento e não de seu valor pessoal; logo, prefere negar. E é também por meio dessa constante negação tomada como fuga, que logo vira costume, que se torna vício e então teimosia, que o ignorante sentencia de vez o seu cerco ao invés de, a partir de sua ignorância, expandir-se. 


Do contrário, se aquele que nega as evidências não se visse assim tão pequeno e fraco, não teria a necessidade de possuir tanto justamente aquilo que não se pode possuir, como é a realidade, todos desejos e aspirações. Se não se visse tão inseguro a ponto de desconfiar inconscientemente de seu próprio valor, de sua própria estima que então o faz ter de recorrer constantemente a afirmações que o validem por meio de seus preceitos, já que ele mesmo não se convence por si mesmo, não teria a menor dificuldade em reconhecer seu argumento como falho ao se deparar com outro que evidencie algo mais factual ou o próprio fato. Mas é por essa mesma causa que o reconhecimento de sua falha, sua natural falha, se torna um esforço gigantesco e um pecado gravíssimo na percepção de uma alma orgulhosa. E assim, finalmente, iludindo-se em ter posse daquilo que ninguém mais tem, o menor dos homens acredita ser maior do que todos, e se faz duas vezes menor que qualquer um. É a negação o que condena o homem, pois com isso ele sai da sua condição de ignorância natural para uma decisão de ignorância deliberada.


Veja que a “negação” referida aqui é tão somente aquela no sentido de se negligenciar o que já foi percebido, do que se compreendeu ter determinado valor A e, no entanto, perseverar em considerar ter valor B ou qualquer outro valor conforme a ordem do capricho pessoal daquele que nega, não condizente com a realidade. Em resumo, a “negação” que tanto menciono em nada tem a ver com o ato de dizer “não” quando o termo é procedente; tem a ver com tolice, pura e simplesmente. Tem a ver com o ato de dizer “não” quando a observação mais criteriosa atesta em favor do “sim”, e em dizer “sim” enquanto todos os dados obtidos certificam sistematicamente para “não”. Ou seja, tem a ver com ir contra a mais básica razoabilidade. Tem a ver com o entorpecimento da percepção, com o ato de negligenciar ao aposentar a sensatez e no lugar dessa pôr o delírio. Pois essa é essa forma que adquiri o nosso capricho quando o colocamos nessa indevida posição: torna-se delírio. E aquele que pratica isso escolhe ser menos do que já se encontrava sendo, quando meramente carente de conhecimento, agora carente também de coerência – por deliberação própria!  e ainda menos do que poderia vir a ser se ousasse um pouco mais e largasse de mão tanta presunção.


Se você projeta um edifício negligenciando a discrepância entre os cálculos e o valor resultante e ainda assim, ignorando isso, o constrói, ele cairá sobre a sua cabeça. Não encare isso como uma conspiração contra você ou como uma ofensa pessoal, é apenas a realidade agindo, conforme a sua natural indiferença em relação a você. Ela não perguntará qual soma prefere fazer ou quais os seus numerais favoritos e quais mais detesta para que assim possa manter a construção erguida, nem atrasará um segundo ou adiantará dois para deixar correr o efeito da sua ação, muito pelo contrário! Evidentemente que não é a realidade que deve se adequar ao indivíduo, antes ele é quem deve aprender suas naturezas, suas relações de causa e efeito e seus fenômenos para poder compreendê-la, o que implica o conhecimento de suas dimensões. Dimensões essas que atuam não só sobre ela como, consequentemente, também naquele que a nega de igual maneira àquele que a assume. Não, a realidade não possui preferidos – nem malqueridos; é tão somente e brutalmente realidade.


Por que então as demais coisas da realidade que igualmente exigem certo grau de conhecimento específico, como a engenharia para levantar construções, seria diferente? Certamente que não. Estamos lidando constantemente com situações que exigem de nós uma resposta a altura equivalente a cada situação, nunca uma falsificação delas. Por isso cabe a nós o dever de deixar o estado de inércia se quisermos compreender a forma como ela atua – ao menos um pouco mais, ao menos deixar de ser um pouco tão menos em toda essa disparidade em relação ao que é e o quanto conseguimos perceber desse. E é função da educação e daquele que educa hostilizar tal tolice como prática.



1.1. O questionamento como primícia para a educação


A grande missão do educador, portanto, é estimular o questionamento e esse princípio é adotado por dois pontos, os quais já podemos encontrar em Sócrates:


O primeiro ponto se vê também como primeira consequência do questionamento, que é pôr as nossas concepções à prova. Nisso se inclui nossas suposições e teorias assim como qualquer pensamento relacionado a alguma coisa enquanto hipótese. Aqui, as nossas visões são confrontadas com critérios filosóficos ou ainda, teóricos e científicos, se tratando de educação como recurso de instrução geral, todavia permanecendo o rigor de exposição da ideia para a prova. É como o teste que a lâmina de ferro é submetida após a forja no fogo quente. Se é boa lâmina e cumpre o seu dever como o esperado para sua função, naturalmente resistirá as bruscas variações de temperatura que sofre na forja pois cumpre o objetivo para o qual foi feita. Caso contrário, tão logo se mostra frágil e é considerada inútil, não tendo nenhum propósito ou serventia para o ferreiro, e então descartada. Afinal, para quê o ferreiro haveria de investir sua manufatura e recursos em um instrumento que não lhe seria útil?


Assim também deve ocorrer com as nossas concepções teóricas. Não se pode ter apego por elas na filosofia porque fazer isso seria priorizar o instrumento no lugar da função. Quando mais ainda a função da filosofia é ir longe, tocar o inalcançável e se dedica a constante busca da verdade, apegar-se a uma ideia sem fundamento é como guardar um instrumento sem função, nem mesmo decorativa: apresenta apenas atraso para o sentido que pretendemos atingir. Somente a arte pode ter itens decorativos no seu salão porque é precisamente nele onde se reserva o direito mais que devido da acumulação ao colecionar inconveniências, absurdos, delírios, desacordos com a realidade… enfim, todas as ideias sem fundamento. Não é ao fundamento das coisas, peremptoriamente, que se dedica a arte, sim a forma. A filosofia, por outro lado, se atém ao fundamento e se este se reconhece falho, deve ceder lugar a outro que contenha mais rigor.


Mas é claro, a criação dessas concepções não são por si só negativas, mesmo que sejam invalidadas posteriormente (e acabam sendo com muita frequência). Muito pelo contrário. Uma vez que não se pode determinar a credibilidade de muitas coisas que nos são perceptíveis (como exemplo, a natureza da luz) e também de outras que não são sequer perceptíveis ou não completamente (como a existência de vida inteligente em outros planetas), o que nos resta é conjecturar, imaginar sobre a partir do que conhecemos e conseguimos assimilar. Naturalmente, erraremos muitas dessas tentativas de compreender a realidade através da suposição, tal como já erramos até aqui, mas de outra forma não haveria a possibilidade para tantas descobertas extraordinárias que emergiram de apostas à princípio tão improváveis... tal como já acertamos até aqui. 


Por isso, essas concepções são na verdade positivas quando não se tem nenhum outro meio para estipular a causa, o valor ou demais informações sobre um objeto que nos é ainda inacessível. As noções que formamos apenas através de abstrações acerca de objetos que não dominamos, seja por falta de recursos ou familiaridade/proximidade com o objeto, é uma forma que nossa mente aprendeu a nos dar respostas em meio a uma realidade e situações caóticas as quais muitas das vezes não nos trazem outra coisa senão enigmas e obstáculos. É, de fato, uma habilidade muito sofisticada e criativa de desenvolver soluções, não só normativas como algumas palavras que se escreve abaixo de um enunciado, mas práticas e articuladas, que se baseiam no conhecimento adquirido até então (junto a experiência pessoal), nos dados apresentados e a partir disso, usando-se da arte, se inspira para criar cenários: para escapar, para se esconder, para sobreviver. Foi assim antes e herdamos essa herança até hoje. Sendo assim, o recurso é instintual e, como tal, visa a preservação. Este é o objetivo desse recurso criativo: arquitetar para se preservar.


Na sua forma mais evoluída, esse mesmo recurso é utilizado para medir e tentar compreender temas mais complexos, muitíssimos mais complexos, de projeções para o futuro pessoal e familiar à suposições políticas e concepções variadas da ideia de Deus. O que fere, portanto, não é a utilização desse recurso, mas a instauração dele como sendo de valor prevalecente ao conhecimento. O conhecimento, por sua vez, não nasce de um mero instinto; é o refúgio que se constrói com e entre nossas crenças e suposições. É a análise das coisas em um nível a mais de averiguação que ultrapassa o senso comum pretendendo se aproximar ao máximo da versão real do que se dedica, e dentro deste conhecimento encontramos a ciência como a área que melhor cumpre esse objetivo ao se basear em evidências, que confirmam validade àquilo e naquilo que pode ser verificado, não mais em suposição.


O grande perigo que se tem cometido, e que ainda pode tornar a ocorrer, é a entrega de áreas que contém caráter filosófico por tratarem de questões de natureza ética, que correspondem a ordem social e científica, à sorte e capricho de decisões total e meramente unilaterais, de motivação meramente pessoal, se baseando e se validando por si mesmas e nada mais, como se fossem essas áreas de natureza artística. Mas política nunca é arte, nunca é “desejo, logo determino” – Eis aí o perigo! O que diz respeito a vida alheia e, através de um, gera consequência a todos, não pode ser encarado como exercício de espontânea e decidida escolha como se fosse um ato de inspiração artística.


À arte, a mais rica inspiração e todo o livre movimento; à política, a mais sóbria seriedade e responsabilidade. Existe um determinado espaço de atuação para cada instância. A política deve ser exclusivamente ética, já a arte pode ser tanto estética, como naturalmente se realiza, como também ética ao atuar na forma de manifestação e representação de uma realidade que é criticada. Igualmente, para além da arte vista apenas como uma obra palpável, temos ela expressa no questionamento, atuando como intérprete e diretora de várias hipóteses que surgem do plano criativo almejando uma resposta ou no mínimo uma melhor visualização daquilo que seu autor desconhece, senão, conhece somente enquanto um vago conceito que de tão distante necessita do auxílio da arte para compreender e tecer suas ideias.  


Foi isso o que Sócrates fez se utilizando da maiêutica. Enquanto a ironia cumpre papel como elemento inquisitivo que, pela contestação, busca encontrar no fundo o sustento da afirmação (ou fundamento) apresentada superficialmente, feito uma bateria de testes para validar a qualidade de um produto, tal como a forja é para o ferro; a maiêutica se aproveita desse lado criativo que temos e usamos para pintar partes faltantes de uma paisagem incompleta para, através dela e dessa habilidade de hipótese criativa, nos levar a concepção de um entendimento próprio sobre aquele assunto. Um entendimento que saia da fonte, daquele que naquele momento compreendeu o que anteriormente era só objeto de especulação, de idealização superficial, de conceito atrelado ao senso comum, do que ele ouvira falar através de outros que ouviram de outros que ouviram de outros que ouviram de outros, sem entretanto terem a iniciativa de conceber uma reflexão ou visão particular daquele mesmo assunto/objeto.


É precisamente isso que o questionamento evoca: senso crítico próprio. E próprio o suficiente para além de reconhecer a discrepância entre o anteriormente conceituado e as evidências agora percebidas, fruto da reflexão a qual foi incitado, poder também a partir daí elaborar uma tese mais rigorosa, mais provável e de fato fundamentada. Se somos capazes de visualizar o nosso erro e aprender que estávamos enganados em relação a alguma ideia, somos igualmente capazes de desenvolver um novo ponto de vista que nos encaminhe ao aprendizado verdadeiro. O fato é externo e, portanto, independente, mas o conhecimento acerca de objetos e naturezas do plano factual nascem da nossa percepção. Isto é, o aprendizado nasce de nós como ato de concepção interna. Mais uma vez, maiêutica. E a maior beleza de todo esse processo é que ele é realizado pelo filósofo sem que haja a condenação do ato criativo, sem que ele seja visto como maléfico para o exame teórico e seja censurado daquele que tem a intenção de entender. Este é o segundo ponto ao qual se propõe o que podemos chamar de método de ensino socrático: acolher a imaginação do aluno como instrumento de aprendizagem.


Primeiramente ele efetua o teste de resistência: uma marretada de objeções é efetuada contra a ideia – o ferro retine e quebra. Depois, uma vez que se desfaz em suas lacunas e contradições, vem a proposta de restauração para o processo de concepção de uma outra ideia, confiando com a participação do mesmo indivíduo que acaba de reconhecer a falta em seu pensamento. 


Sócrates não assassina a criatividade do seu interlocutor porque a enxerga como peça primordial para a concepção de um novo entendimento, e não como obstáculo. Assim, ele não pretende extirpar a criatividade do leigo, sim corrigir um erro cometido através dela; um erro isolado e tópico, ao invés de envenenar todo um poço que dá origem tanto à boas como à más ideias, ou um terreno fértil por ter produzido uma erva daninha quando o mais pertinente seria podá-la. Não se pode conceber nenhuma ideia ou tese, por mais formal que essa seja, sem que seja necessário a participação da criatividade e quanto mais abstrata é o objeto da ideia, mais criatividade é requerida para que seja possível projetá-la.


As escolas contemporâneas aprenderiam muito com a visão desse antigo educador que foi Sócrates, pois em grande parte das vezes ela opera mais como assassina do que auxiliadora de ideias ao ter o ensino como um método normativo no qual só pode haver algum aprendizado se ocorrer conforme o seu modo de apresentar, interpretar e compreender determinado assunto. No entanto, ao contrário do que foi feito por muitos mestres na primeira era da aventura filosófica, qualquer forma de exposição, interpretação ou compreensão que não seja na linguagem adotada pela escola é tido como errado, quando na realidade não se está analisando nem mesmo o conteúdo apresentado – que pode e muito provavelmente está correto – sim uma forma diferente de concepção do mesmo, e que por isso é considerado errado ainda que não sendo. Isso tudo ocorre porque a instituição escolar encara a característica da expressão dos seus alunos como se fosse um valor que determinasse a autenticidade da afirmação, e não como uma característica apenas. Logo, ou o aluno aprende que para ser considerado em suas elaborações ele terá de subtrair justamente aquilo que poderia o levar mais próximo a compreensão, e nisso a escola acaba de “envenenar mais um poço”, ou ele reconhece que, de fato, o problema não está na sua capacidade de compreender as coisas e sim a capacidade da escola em compreendê-lo. Nesse caso, a avaliação escolar não invalida em nada o seu entendimento, pois ele já apreendeu, mas passa a ser o principal elemento que atrapalha o seu aprendizado, ao não aceitar suas respostas fazendo com que ele passe a duvidar recorrentemente da compreensão que já havia sido alcançada e também de sua própria capacidade. Em suma: a escola muitas das vezes consegue fazer justamente o oposto daquilo que foi destinada a fazer.


Assim, Sócrates não se limita a simplesmente desmentir a tese daquele que se apresenta como seu oponente se satisfazendo apenas em refutar seus conceitos. Seu objetivo é encontrar a realidade nos seus exames, não desqualificar os outros ou depreciá-los para se ter como único correto, aliás é bem o oposto o que sugere sua máxima. Seu objetivo, enfim, não é ter aquele que possui um discurso divergente do seu como adversário (senão apenas à nível de discurso) mas encontrar veracidade em tudo aquilo que pudesse ser examinado.



2. A educação em Platão


Se por um lado temos em Sócrates uma metodologia de abordagem e também de desenvolvimento da sua forma particular de ensinar, em Platão nós temos uma metodologia ainda mais avançada, que toma da ludicidade e da alegoria como recursos de explanação. Se no outro temos a criatividade sendo utilizada para o surgimento de uma resposta, neste temos ela ainda mais predominante fazendo parte de todo o processo do seu ensino, da exposição à conclusão de suas abordagens.


O mito, outrora usado por Homero para educar os gregos no plano moral através de suas narrativas épicas, agora é usado por Platão para montar cenários que serviam de alegorias de suas ideias para fazer com que elas, através desse artifício, ficassem mais familiares à compreensão dos seus ouvintes. Ora, isso é exatamente o que faz o bom professor. Ele traz todo o conteúdo que aprendeu na sua forma densa na academia e o dilui em uma outra forma menos concentrada e mais acessível aos alunos. Platão faz coisa muito semelhante tomando o mito como a sua forma de acessibilizar o conceito de suas ideias. Compreendendo que mais vale trazer sua linguagem ao nível da compreensão daqueles que o escutavam do que insistir em erguê-los onde dificilmente conseguiriam conceber algum significado, quanto menos fazer relações com eles, o filósofo muda a sua linguagem adotando a alegoria como principal pincel para a explanação.


Na alegoria da caverna, o filósofo faz a viagem para fora em busca de novos conhecimentos, novas interpretações da realidade – o que equivale não apenas admitir a diversidade de encarar a vida em uma perspectiva pessoal e subjetiva como também, e no caso do ensino mais apropriadamente, nos encaminha para uma consideração mais objetiva através dos ramos de estudo, que possuem propriedades particulares que surgiram de necessidades também particulares de se analisar a realidade: a física, a química e a biologia, que se debruçam sobre a natureza, por exemplo, ou a antropologia, a psicologia e a sociologia, que por sua vez tomam encargo de analisarem o humano como objeto em suas facetas.


Mas por que deveríamos considerar uma interpretação também subjetiva da alegoria ao invés de tê-la apenas metafisicamente como temática filosófica? A pergunta pode ser respondida na própria aplicação do que vemos representado de maneira denotativa em todo o cenário que nos foi apresentado. Não se trata somente de um pressuposto para representar uma ideia restrita, cunhada pela cognição de Platão, mas para além disso uma vez extraído o seu ensino, um fenômeno que foi percebido ocorrer entre os homens e que se torna a repetir por instinto: a presunção de certeza da realidade. É o mesmo fenômeno que vemos em sobra de quantidade até os dias de hoje. Podemos ver a repetição da performance daqueles homens no escuro da caverna, que tanto julgavam estarem corretos pelo que viam e concluíam por meio de seus suas visões tão escassas, quando nos deparamos com os mesmos homens habitando cavernas parecidas, cegados pelos seus próprios juízos enviesados. E de igual maneira que esses pobres acorrentados mantinham-se incrédulos ao serem expostos a algo que anunciava qualquer outra realidade que não fosse aquela mesma que conheciam é ainda hoje, neste momento da história; tornando a acontecer sem nem um centímetro de diferença sempre que um indivíduo tão imerso a uma única forma de julgamento, a um mesmo pensamento viciado e uma só chance de conceber a realidade, nega e repreende o que seja diferente. E por diferente entende-se não a parte da realidade, mas a ele mesmo, a causa porque tanto a detesta. De tão enclausurado no conforto úmido e escuro da sua caverna, com os seus rabiscos de pedras de estimação, o observador passa a crer que o mundo é tudo aquilo que ele observa ao invés de duvidar questionar, justamente por conta do curto alcance da sua observação já fotofóbica.


Isso é o que trato aqui como presunção de certeza da realidade. É o ato de adotar a si próprio – suas experiências, preferências, crenças e valores –  como representação perene e uniforme de toda realidade; a realidade.


E por que indivíduos continuam sustentando determinadas ideias mesmo com a presença de vários dados que indiquem o contrário? Por que, mesmo após a experiência e o gosto amargo do erro recém cometido, há pessoas que não abrem mão de suas visões e crenças ainda que demonstradas falhas? Mais além disso: por que muitos ainda buscam impor suas visões e crenças à outros a todo custo, mesmo quando elas não servem nem a ele próprio, como se tais coisas fossem verdades universais? É pela mesma razão pela qual o nosso recurso de hipótese busca conceber a realidade, e logo, a verdade. Porém há uma injustiça nesta relação pois o que é observado na sua totalidade é infinitamente maior do que o observador, esse sempre relativo, parcial. Assim, nunca me deparo com a realidade de fato, como considero que ela seja, mas sim com um retrato limitado equivalente ao tamanho que tenho, terrivelmente pequeno. Ao me deparar com uma realidade sou coagido por minha percepção a considerar que aquele retrato que é construído a partir de mim mesmo, meus preceitos e experiências anteriores, é a própria paisagem materializada, e não apenas uma retratação dela feita por-mim-para-mim, não uma representação.


Mova o ângulo da câmera mais um centímetro e o retrato já é outro. A paisagem é alterada conforme o ponto de perspectiva, de modo que esse é o máximo que consigo alcançar por conta própria: perspectivas. Planos sempre particulares demais para julgá-los como um todo. Eu particular demais, finito demais, eu demais para julgar-me como realidade; julgar conhecê-la em sua totalidade. A realidade requer muito mais do que eu tenha como recurso próprio para compreendê-la. Por isso faz-se necessário a instrução do homem pela educação sendo essa a única via que torna possível a redução dos meus achismos e de minhas limitações sem que eu reduza com elas. É o caminho que lhe oferece não o dogma da certeza e a resolução de todas as dúvidas, mas a oportunidade do exame e do entendimento de tudo que se possa conhecer, humildemente, dentro do nosso alcance. E uma vez admitido isso, o alcance curiosamente passa a se estender a medida em que o observador diminua.


Ainda após deixar a caverna o “louco” (assim tido pelos demais que nela permanecem) processa toda a experiência vivida fora dela, de modo que o que ele aprende não fica retido como mera gnose, estática e enfadonha, servindo mais de peso e acumulo intelectual do que verdadeiro recurso que se articula e se inter-relaciona com outros conhecimentos aprendidos, outras situações e realidades testemunhadas e com ele mesmo enquanto pessoa, o transformando como indivíduo. A experiência a qual foi exposto torna-se agora parte dele e o próprio conteúdo observado passa a se fundir ao observador na medida em que ele o internaliza, isso é, que ele o aprende. E aqui, há o retorno para a caverna motivado tanto pelo sentimento de dever, em libertar aqueles que estão sendo oprimidos pelo cerceamento da compreensão de mundo, como pelo prazer de compartilhar com os outros o conhecimento de todas aquelas coisas incríveis que tanto o fascinou.


Não é nada estranho que o enredo dessa história nos remeta o perfil de um educador, mais precisamente, de um professor que busca sair continuamente do seu lugar de conforto, se expõe aos estudos, práticos e teóricos, realiza todo o processo de licenciatura “lá fora”, de onde deve retornar, para depois voltar e comunicar aos alunos o conhecimento que aprendeu.


Seria dever de quem se não das almas mais inconformadas e fascinadas pelo saber a entrega desse exercício que é educar? Quem mais estaria apto a essa tarefa do que aqueles que decidem deixar a caverna para espiar o desconhecido através de um caminho árduo e longo, sabendo, no entanto, que não pode ser esse caminho pior do que sequer atrever a conhecê-lo, uma vez podendo? E feito esse caminho, nem o primeiro movimento teria valor algum se não fosse para ao final dele compartilhar aquilo que aprendeu. Além do que… pesquisas atuais já nos mostraram que o ato de ensinar contribui também para a aprendizagem daquele que faz. Mas isso, é claro, o bom educador já sabia:



“Quem ensina aprende ao ensinar.

E quem aprende ensina ao aprender.”


– Paulo Freire         




CONSIDERAÇÕES FINAIS


Em resumo, devemos considerar que a introdução à filosofia deve ser compreendida em três aspectos:


- Historicamente, é o período que marca o nascimento da filosofia a partir dos que ficaram conhecidos posteriormente como pré-socráticos e, logo depois, os próprios socráticos com ênfase em Sócrates, Platão e Aristoteles;

- O aspecto epistemológico presente desde as primeiras elaborações de teses filosóficas até o seu amadurecimento com Platão e a sua dialética; 

- E o aspecto educacional, que também tem muito a ver com a episteme grega, que buscava compreender o mundo através de um conhecimento mais científico revelando assim uma aspiração educadora dos filósofos. 



Obras usadas no texto:


1. ARANHA, Maria Lúcia. MARTINS, Maria Helena. “Filosofando - Introdução à Filosofia,” 5a ed. São Paulo: Moderna, 2013, p. 25.


Título alternativo do arquivo:
“Uma Introdução à Filosofia & Sua Relação Com A Educação” 


UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) 


14 de abril de 2020. 3ª ed.

Vila Velha, ES 



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Trabalho realizado no 1º período do curso de Licenciatura em Língua Portuguesa & Literatura de Língua Portuguesa da UFES, por Gabriel Rocha.

Professor: FERNANDO MENDES PESSOA | Disciplina: Introdução à Filosofia, primeiro semestre de 2020.


A primeira versão foi terminada no dia 4 de abril e apresentada ao professor dentro do prazo limite da tarefa;

A segunda versão não apresentava o desenvolvimento do quarto ao sétimo parágrafo do tópico 2 (“A educação em Platão) capítulo que trata propriamente da "Relação Entre A Filosofia e A Educação". Esse mesmo trecho pode ser considerado um apêndice por ter sido escrito pouco mais de uma semana depois da apresentação formal, de forma não mais comprometida com a disciplina requerente, apenas como complementação e aperfeiçoamento do argumento;

A partir da terceira edição o trabalho conta com a apresentação em sinopse, uma vez que o mesmo não havia sido solicitado dentro das normas ABNT, priorizando-se o conteúdo do trabalho independente do formato ou padronização. Porém, posteriormente, percebeu-se o benefício de incluí-la com o objetivo de trazer uma melhor compreensão do contexto que o originou, assim como da sua linguagem e finalidade. Por motivo de adequação documental do site, a sinopse foi omitida do topo do texto e retrabalhada como exposta no rodapé final deste. Essa é a versão encontrada atualmente.

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