Grato para amar


Viver amorosamente é um paradoxo. 

Ajudamos a salvar uma família de patinhos zelando a vida deles e comemos peru no Natal. Note que diante dessa evidência não é preciso incluir nenhum contra ponto e dizer “no entanto”. Amamos de ambas as formas. 

Tais atos não são e nem devem ser em si uma expressão de um ingrato sacramento para a vida, nem um luxuoso prazer para a morte; não são nem solução nem problema. Tudo depende do coração de quem pratica e do contexto (não da eventual lei/norma preestabelecida).

Lindo é ver aves, peixes, bovinos e toda a natureza, como natureza, nascendo e morrendo com toda a sua glória num processo que é natural. Lindo também é uma língua de boi recheada no seu prato na ceia de Natal, se preparada com misericórdia e bondade, e comida com gratidão.

Aí não há espaço para hipocrisia na hora do preparo, nem de exibicionismos altruístas para se manifestar contra os abusos cometidos, visto que tudo é nosso quando nós somos em amor. É preciso ser grato para saber amar paradoxalmente. 

Sejamos sempre gratos.

Feliz Natal!


Gabriel Rocha
25.12.17

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